A casa e a amendoeira

A casa e a amendoeira

A 1822 é uma das ruas de que mais gosto no Ipiranga. Tem uma gente simples, que vive em casas igualmente simples e que se acostumou a colocar comportas nas fachadas quando chove. A 1822 sempre enche, em trechos famigerados, quando chove muito, desde tempos antigos.

É bom nela de se caminhar, porque ela é toda plana e tranquila. Gosto de ir por ela com os cachorros de casa.

A 1822 guarda uma boa quantia da gente mais antiga, de passado operário das tecelagens da região.

Pena que algumas casas tão bonitas de tão simples estejam meio alquebradas, arqueadas de tempo. A gente fica torcendo de longe pra que alguém com amor por esse chão volte a lhes dar vida, pobres lindas casinhas.

Foi assim que me peguei contente com essa casa da 1822, agora reformada, número 784. Ficou singela, sóbria e linda.

A amendoeira-da-praia, que a gente chama mesmo é de chapéu-de-sol e se alteia diante dela, é o seu melhor amigo, dando-lhe sempre sombra fresca.

Ver essa casa e essa amendoeira formando assim um conjunto é como se a gente estivesse diante de uma tela de natureza muito viva. Isso umedece nossas retinas e abranda o nosso coração.